Talvez uma dificuldade que a grande maioria das pessoas enfrentam ao longo da vida, seja o fato de levarem as coisas a sério demais. Esquecemos, algumas vezes, que no decorrer da história humana, as grandes descobertas e invenções surgiram da combinação de curiosidade e diversão despretensiosa em relação ao novo.
No processo de opção por uma profissão então, esta dificuldade parece mais evidente. Certamente, muitas pessoas já vivenciaram ou ouviram historias de indivíduos que escolheram um curso universitário e no decorrer dos semestres perceberam que aquilo não era bem o que imaginaram. Uma explicação possível, pode estar no fato de que, quando se faz uma opção deste tipo, muitas vezes sentimentos movem estas escolhas. Testamos mentalmente a sensação de nos transformarmos em um profissional de determinada área, e se o sentimento for positivo, se percebermos que ela poderá nos oferecer diversão e realização, tomamos a decisão, mesmo que com alguma incerteza.
No entanto, no decorrer do curso, questões como sucessivas avaliações, grande número de pessoas nas salas de aula, disciplinas maçantes e alguns professores realistas (ou pessimistas?) alertando sobre as dificuldades do mercado de trabalho, fazem com que a diversão fique cada vez mais distante, e as preocupações sobre o futuro, cada vez mais próximas. Claro, que esta é apenas uma possibilidade de muitas que estão presentes, quando precisamos decidir sobre a carreira, ou outras diferentes pautas do nosso cotidiano.
Vamos imaginar, que um individuo hipotético conseguiu superar favoravelmente as dificuldades do período de estudante. Sua inventividade e entusiasmo não se abalaram pelas pressões sofridas durante as interações sociais, e agora este individuo conseguiu um emprego em uma grande empresa. Novamente sua criatividade e motivação serão postas à prova nas rotinas administrativas, nos chefes e suas variações de humor, nas pressões das pequenas coisas (e das grandes coisas também) e etc.
Para cursos em áreas como Publicidade e Propaganda, Design, Comunicação Digital, Artes Plásticas, Web Design, entre outros, divertimento e criatividade são praticamente aliados. O ideal é até mesmo não associar estas, e muitas outras atividades, ao termo trabalho e todas as suas conotações negativas. Quando alguém usa a palavra trabalho, em alguns contextos fica difícil não imaginar a cena clássica do marido chegando em casa exausto, de terno e gravata propositalmente folgada, uma pasta de couro preta, levemente descabelado e com olheiras profundas. Eu mesmo lembro de quando era criança e esperava ansiosamente meu pai chegar do trabalho e ouvia a reprimenda de minha mãe: "nada de fazer bagunça que teu pai vai chegar cansado (e insatisfeito) do trabalho!".
Para muitos especialistas, as pessoas criativas no momento que fazem uso da criatividade se aproximam do comportamento das crianças. Elas costumam examinar, fazer combinações e experimentações, e principalmente desenvolvem a capacidade de aprender com os erros. Tanto a imaginação quanto as ideias são constantemente organizadas e reorganizadas tornando-as curiosas e inventivas.
Talvez uma lição importante desta pequena reflexão nos leve para perto da noção de autoconhecimento. Se aprendermos a identificar quando estamos levando as coisas a sério demais e lembrarmos do real motivo por estarmos naquela profissão, ou seja, a diversão, vamos aprender também a notar quando as outras pessoas estão fazendo com que levemos as coisas muito a sério. Neste caso, poderemos busca estratégias para que nossa criatividade e satisfação não sejam afetadas.
Quando você se sentir em um mar de comportamentos previsíveis busque ser incomum e assim como uma criança tem o potencial de motivar um grupo inteiro a favor de sua ideia, durante uma brincadeira, você certamente conseguirá o mesmo, ou pelo menos vai se divertir com a iniciativa.